GIL VICENTE E A SOCIEDADE


Auto da Barca do Inferno

Aparece um militar com um fato verde camuflado, com uma arma e um cinto de granadas, vai à barca do diabo e diz:
Militar 1- Hou da Barca, hou!
Diabo- Quem vem i?
Militar 1- Um pobre homem, sacrificado na guerra, aquela que me conduziu até aqui.
Diabo- Entrai, entrai, um valente como você não pode i ficar! Venha comigo, para o fogo infernal, onde reina a Paz e nunca mais vais ter de lutar.
Militar 1- Está escrito na Bíblia que os que morrem por Honra do seu pais, para o Inferno nunca hão de ir.
Diabo- (irritado) Quem te diz a ti que morreste pela Honra do teu país, e não pela tua Honra? Julgaste superior, porque “andas-te na guerra”, mas não passas de uma simples pessoa com desejo de riqueza e fama. Não foste para a guerra para protegeres o teu país e alem disso, não foste morto em guerra, tu apenas mandavas sobre os outros. E quando as guerras acabavam, tu dirigias-te ao teu país como um herói. Heróis foram aqueles que morreram na guerra e que deram a sua vida pelo seu país.
Militar 1- Não tem o direito de me dizer isso, irei antes àquela outra barca.
(vai à barca do anjo)
Militar 1- Hou, hou, mande a prancha pra que eu possa entrar.
Anjo- (calmamente) tu aqui não podes entrar.
Militar 1- para onde vai esta barca, para que eu não possa entrar?
Anjo- Para o paraíso prometido, sabes, aquele local onde apenas pessoas puras podem entrar.
Militar 1- morri pela pátria do meu povo, não se nota que sou militar ao mais alto nível.
Anjo- não tens provas que te deixem passar.
Militar 1-mas será que és cega? Não vês a minha arma e o meu cinto de granadas?
Anjo- tu não és digno de vir para o Paraíso, e essas armas, alguma vez as usastes?
(vem outro militar do mesmo país e dirige-se à barca do anjo)
Militar 2- combati ao lado de meus irmãos, que ao meu lado morreram, um triste como eu não poderá nesta barca divinal embarcar.
Militar 1- la nisso tens razão, se não posso eu entrar, teu chefe supremo, como poderás tu, uma “criaturazinha lastimável”, entrar aqui.
Anjo- (dirigido ao militar 1) Ao contrário de ti, esse Herói, a quem tu chamas de “criaturazinha lastimável”, morreu pela Honra e Pátria do seu país, embarcará comigo, e tu, naquela barca tens de ir.
Militar 1- se for esse o meu destino, para lá irei. Mas fica sabendo que estás cometendo um pecado, daqueles que te seguem até ao fim da vida.
(vai-se à barca do diabo, lentamente)
Militar 1- (tristemente) manda vir a prancha para que eu possa entrar. Toda a minha vida pensei que tivesse o Paraíso assegurado e agora estou a caminho do inferno para pagar a minha sentença.


Nesta cena não pretendo criticar classes sociais ou profissões, pretendo antes criticar as pessoas que não se esforçam e ganham os louros daqueles que o fazem arduamente.

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Cena de Vale e Azevedo:
Chega ao cais Vale e Azevedo. Consigo traz uma caderneta de cromos do Benfica.
Vale e Azevedo: Onde estou eu?
Diabo: Está no cais.
Vale e Azevedo: No cais?! Qual cais?
Diabo: No cais que lhe promete ou um fim digno, ou um fim trágico… E eu sei qual é o seu!
Vale e Azevedo: O da vida digna penso eu…
Diabo: Pensa mal! Toca de entrar aqui no meu batel…
Vale e Azevedo: Desculpe?! Mas quem é que você pensa que é?
Diabo: Sou aquele que te guiará ao teu destino – O Inferno. E antes que perguntes o porquê deste teu destino, deixa-me relembrar-te do dinheiro que meteste ao bolso nos casos dos jogadores do Benfica…
Vale e Azevedo:  PÁRA! Eu sei o que fiz, não digas isso em voz alta! Mas por favor, eu faço tudo para não ir parar ao Inferno…
Diabo: O teu destino está traçado.
Vale e Azevedo: Eu denuncio os meus amigos e tu relevas-me a pena.
Diabo: AHAHAHAHAHAH! Entra e deixa-te de conversas que os teus amigos hão-de vir cá parar…
Vale e Azevedo: Não, eu não entro! Vou-me àquela barca mais simplória.
Dirigindo- se para a barca do anjo:
Vale e Azevedo: Hou da barca! Hou! Está aí alguém?
Anjo: Tu nem te aproximes pecador! Almas perdidas como tu, nem dignas de estar ao pé da barca são!
Vale e Azevedo: Velha simplória!
Anjo: Judas! Além de seres corrupto, és um péssimo “amigo”! Vai-te embora! Vai amigo da onça…
Vale e Azevedo dirige-se à barca infernal pronto a cumprir a sua pena:
Diabo: Bom filho à casa sempre retorna!
Catarina Elias - 9ºA
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